Xampu seco: confissões sobre este produto de beleza tão em alta

Flashback, vinte anos atrás. Uma senhora elegante, bem vestida e nome do altíssimo círculo da moda brasileira ia e vinha pela redação onde eu começava minha carreira (Devil Wears Prada, anyone?). Atrasada para uma festa e sem tempo de ir para casa, tomar banho e retocar a beleza, perguntou se alguém tinha talco para dar um truque no cabelo, que estava mostrando sinais de oleosidade. Olhares se cruzaram, sorrisos de ladinho, julgamentos realizados em pensamento – naquela época era impensável pular uma lavagem dos fios e ainda por cima confessar o feito. Infelizmente para ela, ninguém tinha talco.

Naquela época, quando eu enfrentava o mesmo tipo de problema, meu truque era dar uma lavada na franja, na pia, e cobrir o resto do cabelo com a mecha limpa. Assim, o look aguentava mais um dia se o tempo não dava para uma lavagem e escova completas. Não era exatamente cabelo limpo, mas parecia cabelo limpo. Então, funcionava.

Muitos anos depois, o top cabeleireiro Oscar Blandi colocou seu xampu seco na prateleira, ao lado de produtos de beleza high end, e algumas de nós se atreveram a experimentar. Com vergonha de estender o tempo entre lavagens (que para mim soava como pular banho, coisa que tenho orgulho de dizer que nunca fiz), tomei coragem e usei o spray, mas não fiquei muito impressionada com o resultado e achei que a novidade não era para mim.

Então veio a moda do co wash / no poo e a lavagem frequente virou vilã destruidora de óleos naturais, deixando todo mundo um pouco mais confortável em relação à ideia de manter os fios longe da água por alguns dias a mais. Experimentei, mas também não gostei como solução a longo prazo (e contei aqui).

Quando a marca francesa Batiste começou a vender seu xampu seco super acessível pelo mundo afora, fui correndo comprar. E adorei. Não sou uma usuária diária recorrente, mas desde então confio nesse tipo de produto para ganhar uma eventual meia hora a mais de sono. Ou para segurar a escova por mais um diazinho antes da ginástica ou ainda quando tenho praia ou piscina planejadas. Filosoficamente falando, é a mesma proposta daquela “meia lavagem” na pia, mas com mais benefícios: trazer volume, não ter que fazer escova e ainda conseguir sair de casa com o cabelo parecendo recém feito.

Meu xampu seco preferido nos ultimos tempos é o da marca americana Living Proof. Ele é superleve e, ao mesmo tempo em que tira muito bem os resíduos dos fios, não deixa rastros – você escova e não sobra nem um pouquinho do produto no cabelo. Outra vantagem: percebo que o resultado dura mais, no dia seguinte após o uso o look ainda está bem apresentável. Virou meu companheiro, amigo e cúmplice, principalmente em viagens de trabalho, que têm sempre uma agenda muito corrida. Agora, por exemplo, escrevo de um aeroporto, esperando uma conexão. E sabendo que o spray está seguro no meu nécessaire, na mala. Às vezes nem preciso usar, mas só de saber que terei o produto à mão se perder a hora para um meeting reduz muito  o meu stress.

Best friends for ever

Em 2013, a agência de inteligência de mercado Mintel publicou que 3% dos lançamentos de xampu eram constituídos por xampu secos. E uma pesquisa publicada em abril passado pela empresa de pesquisa de mercado P&S Market Research projeta crescimento nessa categoria para os próximos cinco anos. Este produto de beleza veio para ficar e vem evoluindo com os novos lançamentos.

Uma pesquisa rápida na internet aponta que existe uma preocupação sobre a relação do xampu seco com a queda de cabelo. E outra pesquisa aponta a preocupação sobre a relação de lavagens frequentes com o mesmo problema… Assim como há dados começando a indicar que a filosofia do co wash pode também levar à queda. Parece paradoxal? Acho que, como tudo na vida, o equilíbrio é provavelmente a melhor escolha. É nisso que aposto e por agora parece que tudo vai bem.

Olhando vinte anos para trás, percebo que, com o passar do tempo, a gente acaba aprendendo o que funciona para a própria beleza. E que aquela senhora fashion de talco no cabelo tinha mais sabedoria para dividir do que imaginávamos naquele momento. Ela continua por aí, com a cabeça cheia de cabelos, para provar.

Fotos: divulgação marcas

Comecei a carreira como jornalista e trabalhei como repórter e editora nas revistas Elle, Claudia e Interview. Mas o convívio com o mundo da beleza e da moda acabou me levando para um outro lado: me transformei em uma expert em cosméticos. Primeiro, fui ser gerente de produto da categoria esmaltes na Impala. Esse cargo fez com que eu me tornasse uma pessoa muito detalhista – até mesmo chata … – no que se refere a cor. Depois, me mudei para a Califórnia, nos Estados Unidos, onde há sete anos dirijo os negócios da Markwins International (empresa que inclui as marcas Wet n Wild, Physicians Formula, The Color Workshop, Black Radiance e Front Cover) para a América Latina. Aqui no Beauty Editor, vou contar as descobertas que faço nas drugstores e beauty boutiques americanas.

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