Juliana Macéa, dermatologista e expert em cabelo

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A dermatologista Juliana Macéa, da clínica Masterlaser Dermatologia, em São Paulo, entende tudo de queda de cabelo – e do que fazer para tratá-la. Nossa conversa recente girou em torno desse assunto e também do que é possível fazer para que os fios mantenham a saúde e a beleza para sempre (ou pelo máximo de tempo possível).

Maria Cecília Prado: A queda de cabelo é uma queixa frequente entre as mulheres?
Juliana Macéa: É sim, todo dia atendo alguém reclamando do problema – seja como queixa principal, seja como uma demanda secundária.

MCP: Mas em todos esses casos a queda é um problema real?
JM: Nem sempre. O fio de cabelo segue um ciclo natural: primeiro cresce, depois estaciona e por fim se solta do folículo capilar e cai. Existe uma média percentual de quantos fios estão passando, em um mesmo momento, por cada fase – no geral, 85% estão na primeira, 5% atravessam a segunda e 10% já chegaram à terceira. Mas essa não é uma questão exata, e eventualmente a etapa em que eles se soltam do couro cabeludo acaba ficando mais acentuada. Isso assusta um pouco a pessoa quando ela a nota a mudança, mas uma avaliação médica e um exame dos fios e do couro cabeludo podem indicar se é só uma queda normal ou se ela está realmente mais intensa.

MCP: Quando a queda é constatada, o que pode estar por trás dela?
JM: Aí está uma questão complexa. Às vezes, a causa é evidente: é o caso de uma deficiência de ferro e/ou de ferritina [a reserva de ferro no organismo], que pode ser checada por um exame de sangue. Mas outros fatores podem estar envolvidos. Quem faz um regime radical ou com cardápio muito restrito – com foco nas proteínas, por exemplo –, quem passou ou vem passando por um stress intenso, quem fez uma cirurgia grande (e vive o chamado stress pós-cirúrgico) e até quem trocou de pílula anticoncepcional ou parou de tomá-la pode notar uma queda de cabelo em maior ou menor intensidade. Todas essas variáveis ou afetam a nutrição do fio, ou atuam sobre o mecanismo do seu ciclo, alterando-o. Só um dermatologista ou endocrinologista (e, às vezes,  os dois juntos) irá conseguir, depois de uma investigação cuidadosa, chegar à origem do problema.

E os tratamentos, como são?

MCP: Diagnosticada a queda, como fazer para tratar?
JM: Há várias alternativas que podem ou não ser combinadas. Tomar suplemento de ferro ou de algum outro nutriente importante no metabolismo do fio – como o zinco e a biotina – é essencial quando o organismo apresenta deficiência de algum deles. Ajustar a dieta, quando ela estiver muito restrita. Fazer tratamento tópico no consultório para estimular a oxigenação do couro cabeludo e a nutrição do folículo capilar, para que ele fabrique um fio saudável. E, para as mais resistentes, optar pela mesoterapia capilar pode ser bem útil. É uma terapia dolorida, pois consiste na injeção de princípios ativos antiqueda e nutritivos diretamente no couro cabeludo, mas costuma dar ótimos resultados.

MCP: Como é o tratamento em consultório que vocês fazem na clínica?
JM: Ele inclui vários passos. Começa com uma aplicação de alta frequência para estimular a circulação no couro cabeludo. Na sequência, entra uma exfoliação de couro cabeludo, a aplicação de um tônico que pode conter biotina, minoxidil, vitaminas, fatores de crescimento e outras substâncias que nutrem e estimulam o metabolismo do bulbo capilar. Depois vem a ativação da circulação por meio de LED, um laser de baixa frequência, e, para terminar, limpeza com xampu e hidratação com máscara.

MCP: Tratamento antiqueda demora para fazer efeito?
JM: Depende do que se avalia. Se for a diminuição da queda, já dá para perceber diferença após duas semanas do início – desde que se mantenha uma regularidade nas sessões e nos cuidados de beleza em casa, é claro. Já em relação à recuperação do volume, os efeitos aparecem depois de mais tempo. No geral, são necessários três meses para sentir que o cabelo está ficando mais cheio.

MCP: As terapias antiqueda têm algum tipo de benefício extra?
JM: É difícil avaliar com precisão – não existe nenhum estudo mais profundo, feito com um grupo de controle, sobre o assunto. No entanto, pode-se observar, na prática, que o cabelo cresce mais saudável e com uma textura mais regular. Com mais beleza, enfim. Quando o couro cabeludo está bem cuidado, é um pouco óbvio, ele dá mais condições para o fio se desenvolver melhor.

Foto: arquivo pessoal Maria Cecília Prado

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