Pablo Schenfeld, embaixador de perfume Dior: dicas sobre fragrâncias

Da maquiagem para a perfumaria. Essa foi a trajetória do argentino Pablo Schenfeld, que entrou na Dior para trabalhar com batons, blushes e outros makes mas acabou se apaixonando perdidamente pelo mundo das fragrâncias. Hoje, ele é um embaixador internacional de perfume – um dos doze especialistas eleitos pela maison para falar sobre o tema mundo afora – e está sempre por dentro das novidades mais quentes sobre o assunto. Aproveitamos sua visita recente ao Brasil (Pablo veio apresentar o lançamento J’Adore in Joy) para usar toda a sua expertise a nosso favor: fizemos uma entrevista exclusiva e checamos o que há de moderno e bacana quando a ideia é sair por aí deliciosamente perfumada. Confira as dicas do especialista!

Beauty Editor: Conta para a gente: o que o novo J’Adore In Joy tem de diferente em relação ao J’Adore original e ao J’Adore Eau de Toilette, que já existiam?
Pablo Schenfeld: O J’Adore Eau de Parfum, lançado em 1999, é um buquê floral construído em torno da rosa e do jasmim. O J’Adore Eau de Toilette, de 2011, é mais leve, a nota perfumada que se destaca é o neroli [flor de laranjeira]. E o lançamento, J’Adore in Joy, tem um toque totalmente inovador: traz uma nota inspirada na flor de sal, inédita, que faz duas coisas muito interessantes pelo perfume. A primeira é potencializar tanto o lado floral como a faceta frutal da fragrância. A segunda é acrescentar sensações muito agradáveis ao resultado final: você inspira e logo pensa em uma caminhada de final de tarde na praia, em momentos felizes e relaxantes à beira mar.

Outro fato curioso a respeito do novo perfume é que, enquanto a maioria das fragrâncias inclui pelo menos 80 notas perfumadas, ele é elaborado com uma paleta de aromas mais enxuta. François Demachy [perfumista da Dior] não revela exatamente quantas, mas garante que o número de notas utilizadas foi bem menor. A ideia, aqui, é trocar quantidade por expressividade. Buscar uma elegância mais simples e muito bem construída.

BE: Quando você mencionou o neroli, me lembrei de uma dúvida antiga que tenho: quando estamos falando em aromas, qual a diferença entre neroli e flor de laranjeira?
PS: Flores de laranjeira existem muitas. Já o neroli é um tipo bem específico dessa flor: aquela colhida dos pés de laranja amarga. Exala um perfume mais fresco e, obviamente, mais amargo do que as outras florzinhas da mesma família.

BE: Há alguma tendência em que a gente deva ficar especialmente de olho?
PS: Sim, a dos perfumes gourmand: eles vieram para ficar. Mas se a “receita” para criar uma fragrância gourmand é mais ou menos conhecida – incluir fava tonka, chocolate, baunilha e outras notas docinhas na harmonia –, o grande desafio das marcas é como fazer isso de uma maneira original. Porque hoje as mulheres não querem que um perfume lembre outro; pelo contrário, o que desejam é a diferença, é um aroma que tenha muita personalidade e traga alguma novidade.

(Quer checar alguns perfumes gourmand lançados nos últimos tempos? Então dá uma lida neste post aqui!)

BE: Tenho notado que a lavanda voltou a ser muito utilizada na perfumaria. Em que tendência isso se encaixa?
PS: Nesse caso a tendência é outra, a de trabalhar notas perfumadas conhecidas de uma maneira inovadora. Pegar um cheiro que faz parte da memória das pessoas e apresentá-lo de um jeito surpreendente, até mesmo inesperado. Pode reparar: a lavanda está surgindo associada, por exemplo, a notas gourmand, como a baunilha e mel. Não perde aquela característica de conforto e frescor que costuma transmitir, mas fica mais quente e até mais interessante.

BE: Que outras novidades pode dividir com a gente?
PS: As notas naturais estão com tudo neste momento! Hoje, se usa bem menos aquelas desenvolvidas em laboratório; a proposta é ter bons fornecedores e utilizar ingredientes vegetais (flores, em especial) de extrema qualidade, cultivados e colhidos de acordo com as exigências das grifes e das casas de fragrâncias. E cada vez há menos álcool nas composições. Sabe aquela história de você borrifar um perfume no pulso e sentir imediatamente um cheiro meio alcóolico? Isso está deixando de ocorrer. Proporcionalmente, hoje se usa muito mais matéria prima na criação de um bom perfume.

Foto: arquivo pessoal Maria Cecília Prado

 

Comment

  • Loradae

    They had a woman on THE NEWSHOUR on PBS talking about this, and she was saying that puelhsibrs, editors, and the like never really check for this type of thing. They go in with the mind that it’s an original work and do the job from there.I will try to upload the video tomorrow and add it to the post (I meant to do it last night, but I put the segment on DVD and put the DVD in the case- out of sight, out my mind, I guess.) Call me forgetful.

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